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Governo destaca “visita histórica” do Presidente da Guiné-Bissau a Portugal
No dia 24, o primeiro-ministro, António Costa, considerou “histórica” a visita a Portugal do presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, por ser a primeira de Estado e por coincidir com os 50 anos da declaração da independência da Guiné-Bissau.
Esta posição foi transmitida pelo líder do executivo nacional pelas redes sociais, depois de ter recebido em São Bento, o Presidente da Guiné-Bissau no âmbito da visita de Estado a Portugal.
Durante a reunião com Umaro Sissoco Embaló, segundo o primeiro-ministro português, foi discutido o aprofundamento da relação bilateral, a cooperação ao nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa “e os múltiplos desafios” com que os dois países se deparam nos contextos regionais e global”.
Antes de se ter reunido em São Bento com António Costa, o chefe de Estado guineense foi pela manhã recebido no Palácio de Belém pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente português elogiou a “estabilização institucional” da Guiné-Bissau, perante o seu homólogo guineense, e saudou a “capacidade de diálogo” entre altos representantes dos dois países.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a Guiné-Bissau tem mostrado “uma estabilização institucional que se traduz neste momento em viver o que Portugal já vive há praticamente oito anos – e outros estados de língua oficial portuguesa vivem há menos tempo também – que é uma coabitação estabilizada” entre Presidente da República e Governo.
Portugal e Guiné-Bissau têm “sistemas de governo que não são exatamente iguais”, com “um pano de fundo semelhante que é o semipresidencialismo, mas nuns casos mais presidencialismo, noutros casos menos”, referiu o Presidente português.
No seu entender, a “estabilização institucional” da Guiné-Bissau determina “condições para a cooperação bilateral e para a atividade conjunta multilateral”.
Dirigindo-se a Umaro Sissoco Embaló como “amigo e irmão”, Marcelo Rebelo de Sousa saudou “a capacidade de diálogo que tem existido a nível dos dois chefe de Estado, de diálogo, de amizade fraternal”.
“E também do chefe de Governo português [António Costa] – uma vez que o sistema guineense é ‘presidencializante’, dentro do semipresidencialismo, o que implica um contato executivo forte, em conjunto naturalmente com o Governo guineense”, acrescentou.
Já o Presidente da Guiné-Bissau, condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, disse que é um homem do povo, um disciplinador, e não um ditador.
“Consegui reposicionar a Guiné-Bissau no concerto das nações, não há pequenos Estados, só pequenos países, somos todos iguais, mas para balizar isso temos de ter estabilidade. E muitas vezes em África, quando queremos repor a ordem e a disciplina, as pessoas tratam-nos como ditadores. Ora, eu não tenho nada de ditadura, sou uma pessoa afável, sou como o Presidente Marcelo, sou um homem do povo, não posso ser um ditador”, disse Sissoco Embalo.
A Guiné-Bissau foi a primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente. A independência foi proclamada unilateralmente em 24 de setembro de 1973, decorrida uma década de luta armada. As Nações Unidas reconheceram de imediato a independência da Guiné-Bissau, e Portugal apenas um ano mais tarde, em setembro de 1974, após o 25 de Abril.
Um homem do povo
Nas declarações sem direito a perguntas dos jornalistas, o presidente da Guiné-Bissau disse que a sua prioridade em termos de política externa é a relação com Portugal, considerando que é crucial para a imagem externa do país, que recentemente ocupou a presidência da CEDEAO, vai ocupar a liderança da CPLP e aspira a ter também a presidência da União Africana.
“A relação forte com Portugal é muito importante para nós e para o mundo, na Europa a primeira coisa que me perguntam nas reuniões é como está a relação com Portugal”, disse o governante, acrescentando que também quando foi feita a visita de Estado do Presidente português ao Senegal, quando José Mário Vaz era o chefe de Estado da Guiné-Bissau, o presidente local, Macky Sall, salientou a importância de “trabalhar para aumentar a confiança [entre Portugal e a Guiné-Bissau]”.
Na intervenção, Sissoco Embaló disse ainda ter percebido que há 31 anos não tenha havido uma visita do Presidente de Portugal à Guiné-Bissau, mas acrescentou que ficou triste quando Marcelo foi ao Senegal.
“Senti-me mais triste quando o Presidente Marcelo foi ao Senegal e passou por Bissau, nós é que temos de introduzir, levar o Presidente para o Senegal, como o Presidente Marcelo nos pode levar para Espanha e outros países”, apontou.
“Hoje já estão cimentadas todas as bases da estabilidade política e da coabitação, de que o Presidente Marcelo é pioneiro, ganhámos muito com essa experiência de coabitação, eu e Cabo Verde”, disse o chefe de Estado da Guiné-Bissau.
Na primeira visita de Estado de um Presidente guineense a Portugal nas últimas cinco décadas, Sissoco Embaló mostrou-se dividido entre considerar-se orgulhoso ou não: “Não sei se posso dizer que tenho orgulho, sinto-me entristecido por ser o primeiro chefe de Estado em 50 anos a fazer visita de Estado a Portugal, queria que tivesse sido Cabral ou Nino, mas há sempre o primeiro, sou eu e agradeço muito”, afirmou.
Presidentes
Na sua declaração, de cerca de dez minutos, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se com a “eleição unânime” da Guiné-Bissau para presidir à CPLP entre 2025 e 2027, “coincidindo com os 30 anos desta organização”.
“É muito importante que esta presidência da Guiné-Bissau tenha sido confirmada unanimemente”, disse.
“Não menos importante, daqui por menos de um mês, no dia 16 de novembro, lá estaremos, o senhor primeiro-ministro e eu próprio, em Bissau, para nos juntarmos à celebração dos 50 anos da independência da República da Guiné-Bissau”, confirmou.
O chefe de Estado assinalou, por outro lado, a recente presidência da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pela Guiné-Bissau, que qualificou como um “um sucesso pessoal do Presidente Sissoco Embaló, um sucesso político da Guiné-Bissau” e “do mundo que fala português”.
No plano bilateral, manifestou-se a favor do reforço da cooperação nos setores “da língua” e “da educação, dos assuntos sociais, para além do relacionamento político, diplomático, de segurança, militar, e econômico e financeiro”.
Marcelo Rebelo de Sousa expressou reconhecimento à comunidade guineense em Portugal, “uma comunidade a vários títulos notável pelo contributo que dá para a economia portuguesa e para a justiça social” do país, composta por “certamente mais de 24 mil, porventura 25 mil” pessoas.
Marcelo Rebelo de Sousa realizou em maio de 2021 uma visita oficial à Guiné-Bissau, 31 anos depois de Mário Soares, que tinha sido o último Presidente português a visitar oficialmente aquele país, em 1989. Antes, em outubro de 2020, recebeu em Lisboa o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.
Fonte: Mundo Lusíada
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