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Opinião: “Construindo Pontes: Como o Brasil e Portugal Podem Crescer Juntos”, por Karene Vilela

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No arranque de 2025, um dos fatos de 2024 que me anima é o contínuo e consistente fortalecimento das relações entre Brasil e Portugal, nomeadamente no campo dos negócios, que tive a oportunidade de testemunhar neste meu primeiro ano na Presidência da Câmara Portuguesa de Comércio em São Paulo. Esse movimento é bem visível nos mais de 550 Associados da Câmara, bem como no crescente interesse dos brasileiros em investir em Portugal, muitos deles por via da nossa Câmara. Acredito que muitos empresários brasileiros já identificaram que Portugal é não só um “país irmão”, com segurança, bom clima e boa comida, mas também uma porta de entrada para o mercado europeu (com mais de 500 milhões de pessoas) e uma ponte estratégica para os mercados lusófonos, nomeadamente para Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A língua comum, a facilidade em adaptar modelos de negócios e o estilo de vida português, têm atraído cada vez mais investidores em busca de novas oportunidades em solo europeu, mesmo no atual cenário cambial.


Outra evidência do reforço da conexão luso-brasileira é o fluxo crescente de passageiros entre os dois Países. Em 2024 a TAP adicionou às suas rotas regulares novos destinos como Porto Alegre, Florianópolis e Manaus, atingindo cerca de 100 voos semanais, para além dos voos diários diretos oferecidos pelas companhias áreas brasileiras com destino a Lisboa, que também têm crescido em oferta.


Neste contexto, um fenômeno interessante que tenho acompanhado é a crescente influência do “português brasileiro” sobre o “português europeu”, especialmente em Portugal. Impulsionado pelas mídias sociais e pela grande presença da diáspora brasileira – com mais de 600.000 brasileiros vivendo no país (sem contar aqueles que já têm nacionalidade portuguesa, que não aparecem na estatística) –, esse fenômeno tem gerado debates sobre a preservação da identidade linguística e cultural portuguesa. Embora alguns defendam a pureza do português europeu, é importante lembrar que a língua é um organismo vivo, sempre em evolução e que tal fenômeno produz a externalidade positiva de aproximar cada vez mais os dois países.


Essa convivência entre as duas culturas também tem gerado outros desafios, especialmente no que diz respeito à integração dos brasileiros em solo português. Uma pesquisa da Fundação Francisco Manuel dos Santos revelou que 51% dos portugueses gostariam que a presença de brasileiros diminuísse. Esse índice de rejeição só é superado pela rejeição direcionada a cidadãos do subcontinente indiano (60,8%). Esses dados são preocupantes e refletem o fenômeno atual conhecido como neofobia, o medo do novo. Embora a xenofobia seja um problema real e um crime que não podemos ignorar, ouso dizer que muitos portugueses também enfrentam a neofobia. Vivemos tempos de rápidas transformações, e é natural que, diante disso, algumas pessoas se sintam sobrecarregadas e resistam a mais mudanças. No entanto, acredito que, ao superarmos essa resistência, poderemos perceber que o crescente intercâmbio cultural traz enormes oportunidades para ambos os países e para os cidadãos que os habitam, assim como foi já superada a imagem que a maioria dos brasileiros tinha dos portugueses como um povo mais atrasado, origem das famosas “piadas de português”, com o “Manuel e o Joaquim”.


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