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Patrimônio Cultural do Brasil revalida alguns e traz novas manifestações
A Ciranda do Nordeste foi reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão foi tomada no último dia 31, em reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo. A partir de agora, o Brasil tem, em sua lista, 50 bens registrados como patrimônio imaterial.
Na mesma reunião, o Tambor de Crioula do Maranhão (MA), o Frevo (PE) e o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES) tiveram revalidados seus títulos de Patrimônio Cultural do Brasil. Os processos de revalidação foram apreciados e aprovados por unanimidade.
Antes da deliberação do Conselho, os processos dos três bens culturais passaram por consulta pública e os pareceres de reavaliação foram apreciados pela Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial do Iphan.
“É com grande alegria que aprovamos a revalidação de mais esses três bens como Patrimônio Cultural do Brasil. Agradeço o empenho do DPI [Departamento do Patrimônio Imaterial] e dos conselheiros na luta para garantir esse direito aos detentores”, destacou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Além dos registros e revalidações, também temos trabalhado a todo vapor no planejamento das ações de salvaguarda para que possamos concluir esse processo de proteção e valorização dos 50 bens registrados em todo o Brasil”, acrescenta.
Ciranda do Nordeste
A Ciranda do Nordeste é uma manifestação cultural que une música e poesia para embalar uma dança de roda, elemento central de sua expressão. Possui singularidades estéticas, poéticas e musicais que a diferenciam de outras modalidades de Ciranda praticadas no Brasil, como o baile popular de Paraty.
“Com mais um registro, reconhecemos a relevância da Ciranda do Nordeste em âmbito nacional, na medida em que aporta elementos importantes para a memória, identidade e grupos formadores da sociedade brasileira”, declarou a presidente do Iphan. “Os saberes, modos de fazer e valores dessa expressão coletiva estão sendo constantemente reiterados, transformados e atualizados, o que constitui uma tradição vital enquanto canal de expressão e fortalecimento de laços de pertencimento”, completou Larissa Peixoto.
Durante a 97ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado composto por representantes de instituições públicas e privadas, bem como por representantes da sociedade civil, foi apresentado parecer do pedido de registro da Ciranda do Nordeste. Por unanimidade, o conselho decidiu pelo reconhecimento do bem como Patrimônio Cultural do Brasil, sendo inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão.
A Ciranda está rodeada de significados que envolvem o balanço do mar, os ciclos da vida e as brincadeiras de criança. A dança é um elemento central para vivenciar a Ciranda e, em geral, acontece com os dançantes dando as mãos em um círculo fechado e dançando em uma única direção.
Existem variações de passos complexos, porém o mais importante no cirandar não é a dificuldade dos passos, mas a simplicidade e a união. A roda pode acontecer em diferentes contextos como carnaval, encerramento de uma atividade pedagógica ou em festejos juninos; em espaços abertos ou fechados, como ruas, bares e praças. Na roda de ciranda, são trazidos à tona sentimentos de celebração e pertencimento a um lugar e a uma história, seja das cirandas à beira mar, seja das noites de festa nos engenhos da Zona da Mata Norte de Pernambuco (composta por 19 municípios do estado).
Patrimônios
O Tambor de Crioula do Maranhão (MA) é registrado como Patrimônio Cultural Imaterial desde 2007. Tradição em grande parte dos municípios maranhenses, a manifestação envolve dança circular, canto e batuque de tambores. Tem origem afro-brasileira e é dançada em louvor a São Benedito, em praças, terreiros e festas. O ponto alto da dança é a punga ou umbigada – ato em que as dançadeiras se cumprimentam batendo barriga com barriga.
Já os saberes relacionados à fabricação artesanal das panelas de barro estão incluídos no Livro de Registro de Saberes desde o ano 2002. Foi o primeiro bem registrado pelo Iphan como Patrimônio Imaterial. A produção, realizada no bairro de Goiabeiras Velha, em Vitória (ES), envolve técnicas tradicionais e matérias-primas naturais. O trabalho é realizado principalmente por mulheres, que repassam seus conhecimentos às filhas, netas, sobrinhas e vizinhas. As panelas são feitas de argila e modeladas à mão. Depois de secas ao sol, são polidas, queimadas ao ar livre e impermeabilizadas com tinta de tanino. A técnica é herança cultural Tupi-guarani e Una.
O Frevo (PE), tradicional em Recife e Olinda (PE), é expressão musical, coreográfica e poética. Foi registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2007 e tem origem no final de século XIX. A manifestação reúne melodia e criatividade vindas de outros gêneros. Inicialmente, era praticado por bandas militares, escravos recém-libertos, capoeiras e a nova classe operária de Recife do começo do século XX. O Frevo também está na lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Repente
A sociedade já pode se manifestar sobre o registro do Repente, o bem está em processo de reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.
No último dia 25 foi publicado o Aviso de Tramitação da proposta de registro do Repente , forma de expressão com origem no Nordeste e que também ocorre em outras regiões do país.
A publicação tem como objetivo tornar pública a intenção de registro da manifestação cultural como Patrimônio Cultural do Brasil, e permitir que, em 30 dias, ou seja, até o dia 24 de setembro, a sociedade possa se manifestar. Terminado esse prazo, a proposta será enviada para avaliação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que decidirá em reunião, com data a ser confirmada, se o Repente será registrado pelo Instituto.
Parte da história das cantorias brasileiras, o Repente figura em nossa cultura desde o século XIX. Repentistas, em duplas ou sozinhos, percorriam longas distâncias e se ofereciam para cantar em fazendas, sítios e vilarejos, onde eram bem recebidos para uma noitada de cantoria que se prolongava até o amanhecer. Os ouvintes faziam pedidos de temas, romances e modalidades, além de colaborar com gorjetas para o pagamento dos artistas.
Com o tempo, a forma de expressão foi adquirindo novas maneiras para circular. Pelo menos desde os anos 1950, muitos repentistas começaram a buscar maior acesso aos meios de comunicação e passaram a residir nas cidades, engrossando o tradicional público rural com a adesão de um público mais urbano. O Repente passou a ocupar rádios, gravações, teatros, clubes e festivais, difundindo-se para outros contextos e mantendo-se vivo na cultura nacional.
Para se manifestar, envie e-mail para: dpi@iphan.gov.br.
Fonte: Mundo Lusíada
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