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Presidente de Portugal homenageia Lygia Fagundes Telles
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou a escritora brasileira Lygia Fagundes Telles, que morreu hoje com 98 anos, considerando-a uma “personalidade cativante” e uma “amiga de sempre de Portugal e dos portugueses”.
“Romancista, contista, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, vencedora dos prêmios Camões e Jabuti, entre dezenas de outros galardões, e distinguida também com a Ordem do Infante D. Henrique, Lygia Fagundes Telles era uma das autoras brasileiras mais admiradas no Brasil e em Portugal”, lê-se numa mensagem da presidência.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a escritora “escreveu sobre as relações humanas, sobre pais e filhos, a condição das mulheres, a ditadura brasileira, em livros como ‘As Meninas’ (1973), por vezes num registo fantástico ou veemente, outras vezes com um realismo discreto e subtil”.
Lygia Fagundes Telles “conviveu com várias gerações da intelectualidade brasileira, desde a geração dos modernistas de 22, e interessou-se em especial pelo cinema, tendo sido presidente da Cinemateca Brasileira, instituição fundada pelo seu marido Paulo Emílio Salles Gomes”, acrescenta.
“Agora que nos deixou, à beira de completar 99 anos, presto homenagem à grande escritora, à personalidade cativante e à amiga de sempre de Portugal e dos portugueses”, conclui o chefe de Estado português, avançou a Lusa.
Lygia Fagundes Telles, que recebeu o Prêmio Camões em 2005, morreu hoje em São Paulo, aos 98 anos, informou a Academia Brasileira de Letras.
Nascida em 1923, em São Paulo, Lygia Fagundes Telles era considerada um dos nomes maiores da literatura brasileira, tendo recebido dezenas de prêmios ao longo da carreira, entre os quais o Prémio Camões.
Lygia faleceu em sua casa, em São Paulo, de causas naturais. “Perdemos nossa querida. Partiu tranquilamente! Mas viverá para sempre. Principalmente no coração de seus amigos!”, escreveu nas redes sociais o jurista José Renato Nalini, atual presidente da Academia Paulista de Letras.
O velório ocorreu na Academia Paulista de Letras, em São Paulo, e o corpo cremado no cemitério da Vila Alpina.
Conhecida como “a dama da literatura brasileira”, a escritora também teve obras traduzidas para diversos outros idiomas.
Prêmios
Seu primeiro livro de contos, com o título Porões e sobrados, foi publicado em 1938. Recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, considerado a mais tradicional premiação literária do Brasil. Na primeira ocasião, em 1966, obteve o feito com a obra O Jardim Selvagem. Voltou a ganhar em 1973, com o romance As Meninas. Em 1996, consagrou-se novamente com A Noite Escura e mais Eu e, em 2001, com a coletânea de contos Invenção e Memória.
No ano de 2005, foi agraciada também com o Prêmio Camões, que enaltece autores de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. Seu nome entrou pra uma lista da qual atualmente fazem parte outros 33, de cinco países diferentes.
O trabalho de Lygia ganhou as telas da televisão. O romance Ciranda de Pedra, publicado em 1954, foi adaptado pela TV Globo duas vezes. A primeira novela, escrita por Antônio Teixeira Filho e dirigida por Wolff Maia, foi ao ar pela TV Globo em 1981. A segunda versão, veiculada em 2008, foi escrita por Alcides Nogueira e dirigida por Denise Saraceni.
Seu nome também aparece na história do cinema brasileiro. No filme Capitu (1968), inspirado no romance Dom Casmurro de Machado de Assis, ela trabalhou em parceria com o crítico de cinema e seu segundo marido Paulo Emílio Sales Gomes, com quem foi casada de 1963 até ficar viúva em 1977. Ambos assinam o roteiro que posteriormente recebeu o Prêmio Candango, concedido pelo Festival de Brasília.
Com formação em Direito, a escritora se mobilizou contra a censura durante a ditadura militar. Junto com os escritores Nélida Piñon e Jefferson Ribeiro de Andrade e o historiador Hélio Silva, ela compôs a comissão responsável pela elaboração do Manifesto dos Intelectuais, um abaixo-assinado que ganhou repercussão em 1977 após conquistar a adesão de mais de mil signatários. Entregue ao Ministério da Justiça, ele foi considerado a maior manifestação de intelectuais contra a censura imposta no período.
Lygia não deixa descendentes. Seu único filho, o cineasta Goffredo da Silva Telles Neto, faleceu em 2006, aos 52 anos. Ele era fruto do relacionamento com o primeiro marido, o jurista Gofredo Teles Júnior, que durou de 1947 até 1960.
Entre seus livros mais importantes estão Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977), Filhos Pródigos (1978), A Disciplina do Amor (1980), As Horas Nuas (1989), A Noite Escura e Mais Eu (1995), e Invenção e Memória (2000). Seu livro Ciranda de Pedra (1954) inspirou a novela homônima, exibida na TV Globo, divulgou a EBC.
Fonte: Mundo Lusíada
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