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Presidente da Fiocruz em Portugal quer ampliar cooperação com instituições
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, realiza visita a Portugal, que começou 27 de abril e vai até 4 de maio, com o objetivo de ampliar e estruturar a cooperação interinstitucional da Fundação com instituições de ciência e tecnologia portuguesas.
A agenda inclui encontros e assinaturas de acordo de cooperação e protocolos com instituições, como a Universidade de Aveiro e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), assim como encontros com os ministros da Saúde, Marta Temido; de Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho; e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato; além da Diretora Geral de Saúde, Graça Freitas.
Aveiro
A Universidade de Aveiro foi a primeira agenda da visita da presidente da Fiocruz a Portugal, dia 27, quando foi assinado o adendo ao acordo de cooperação vigente. Recebida pelo reitor, professor Paulo Jorge Ferreira, e pelo vice-reitor, João Filipe Veloso, o encontro foi de enorme importância prática e simbólica do que se está a construir: “Sinto-me realmente entre amigos. A relação da UA com a Fiocruz, uma instituição de referência no Hemisfério Sul, é uma relação de prioridade elevada. Para nós a área da saúde, e outras próximas e associadas, vai ser certamente a área de crescimento desta universidade nos próximos anos” declarou o reitor.
Ferreira pontuou que a cooperação institucional tem crescido de forma intensa tal como a pesquisa: “Somos uma universidade grande em impacto e grande em ambição e por isso temos parceiros como a Fiocruz conosco. É com boa companhia que se vai mais longe e este protocolo, que hoje reafirmamos, é uma destas oportunidades de se ir mais longe”, comentou o reitor.
Durante a assinatura do adendo de um acordo feito em 2021, para a criação da Plataforma Internacional para a Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, Nísia reforçou o motivo da visita: “O objetivo é ampliar todos os campos de atuação da ciência, tecnologia, inovação e educação. Reitero a importância que esta cooperação tem para nós, com novos desafios na perspectiva da saúde, Brasil e Portugal têm em comum a articulação desses campos científicos articulados com os seus sistemas de saúde universais e poderemos mutuamente desenvolver mais e melhores ações”.
Nísia reforçou a necessidade da retomada brasileira em investimentos maiores para a ciência e tecnologia para pensar o futuro do país: “Nós vemos um sistema de saúde como uma inovação importante no Brasil e sabemos que em Portugal também é assim, pelo o que conhecemos do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Ainda sob o impacto profundo da pandemia de Covid-19, precisamos aprofundar os projetos de vigilância e podemos fazer isso numa troca sólida e num aprendizado constante, para além dos conteúdos científicos, mas também pelo modo de se fazer ciência, e Portugal tem tido uma liderança e uma atuação ímpar nesse campo”.
O vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Eduardo Anselmo de Castro, reiterou o apoio à Fiocruz no fomento da agenda científica, mais precisamente no apoio financeiro: “Estamos a trabalhar no ordenamento do território desta região para os próximos anos, em que a saúde é um dos setores mais importantes. Contem com o nosso apoio junto à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, que é responsável pelo investimento do estrangeiro no país”.
Na comitiva da Fiocruz estavam o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mário Moreira, a diretora e a vice-diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), respectivamente Tânia Araújo-Jorge e Luciana Garzoni, o diretor do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, Pedro Barbosa, e os pesquisadores José Luís Cordeiro, da Fiocruz Ceará, Jorge Magalhães, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), e Roberto Ferreira, do IOC/Fiocruz).
Mário Moreira se referiu ao sistema de ciência e tecnologia da Fiocruz, que se conforma com um ecossistema de inovação, aberto, como elemento importante da cooperação que se afirma na assinatura do adendo mais ampla que a estrutura da Fiocruz possui: “Temos 18 unidades técnico-científicas, algumas com vocação convergente e outras em áreas diferentes do campo da saúde e o nosso esforço numa cooperação institucional como a que estamos aprofundando hoje aqui em Aveiro é garantir que todo o sistema da Fundação esteja a favor dessa parceria, desde a pesquisa até a indústria. É um arranjo hoje fácil de explicar mas que vem de uma trajetória com 120 anos, o que dá um endosso e reforço institucionais”.
A presidente Nísia Trindade Lima e o reitor Paulo Jorge Ferreira na reunião na Universidade de Aveiro (Foto: Divulgação Universidade de Aveiro)
Porto
O segundo dia da viagem no país se dividiu entre visitas e reuniões ao Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), sediado em Matosinhos e ao Hospital São João, no Porto, um dos maiores complexos hospitalares de Portugal.
No CEiiA, Nísia conheceu e vivenciou a experiência tecnológica aplicada em alguns projetos já em curso do 4LifeLAB, um laboratório colaborativo em conhecimento e tecnologia para a saúde que tem a Fiocruz, por intermédio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), como uma das parceiras fundadoras.
Na visita, puderam conhecer todo o processo de criação e produção de um capacete médico inovador que, com ventilação especial, amplia condições de segurança e conforto para os médicos e outros profissionais envolvidos em procedimentos cirúrgicos.
Também foi apresentado o projeto do ventilador pulmonar Atena, iniciativa pioneira em Portugal desenvolvido e distribuído em tempo recorde durante a pandemia de Covid-19. Neste mesmo evento foi discutida a estratégia de validação e aplicação de dispositivo médico digital que afere sinais dos pacientes, que se conecta às redes wi-fi dos hospitais, auxiliando a gestão do hospital segundo parâmetros do protocolo de triagem de Manchester. Voltado para pesquisa e fabricação de produtos nas áreas da aeronáutica, automotiva e espaço, o CEiiA vem se especializando no desenvolvimento de dispositivos para aplicações em saúde, ativo complementar importante para uma cooperação promissora com a Fiocruz, que tem trajetória no desenvolvimento, validação e produção industrial para o SUS.
Ainda no CEiiA, Nísia conheceu melhor o Mareanas um dos projetos de mobilidade com a marca do CEiiA numa favela do Rio de Janeiro, mais especificamente na Maré, território vizinho ao campus da Fiocruz. Nísia conversou com José Silva, um dos 200 engenheiros do Centro de Engenharia português que desenvolveu um novo veículo para ajudar a quebrar as barreiras com o resto da cidade, uma bicicleta especial, espécie de veículo elétrico de hotspot de acesso à internet ambulante, em conexão com a rede de transportes convencional.
No Hospital São João, Nísia Trindade Lima foi recebida pelo professor Fernando Araújo, presidente do Conselho de Administração do hospital, um centro hospitalar com forte ligação à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e com importante vocação para inovação. A presidente da Fiocruz participou da apresentação do projeto que faz de um drone o mais novo transporte de medicamentos urgentes ou equipamentos de suporte avançado de vida. Nísia fez parte do corpo de autoridades, que contou ainda com a presença do secretário-adjunto de Estado da Saúde, Lacerda Sales, e assistiu à demonstração pública das atividades de teste de novas soluções de base tecnológica para resposta a situações de crise, catástrofe e emergência, onde a diminuição do tempo de reação é crítica para salvar vidas.
A presidente Nísia ao lado do secretário-adjunto de Estado da saúde, Lacerda Sales (à direita), e do presidente do Conselho de Administração do Hospital São João, Fernando Araújo
Minho
O vice-reitor para a Investigação e Inovação da Universidade do Minho, Eugénio Campos Ferreira, recebeu dia 29 a presidente da Fiocruz, para fortalecer as relações entre as instituições, além de agilizar e viabilizar mais colaborações.
“A visita deveu-se à exitosa cooperação das duas entidades na última década, nomeadamente no âmbito da Ciência Aberta que resultou em memorando e o curso online Formação modular sobre ciência aberta. O curso foi promovido pela Unidade de Serviços de Documentação e Bibliotecas da Universidade do Minho e pela Escola Corporativa da Fiocruz” informa a instituição brasileira.
Foi também debatida possível parceria em atividades de validação de testes diagnósticos e o estabelecimento de parceria no âmbito da Infraestrutura Europeia de Investigação em Recursos Microbianos, com sede na Universidade do Minho. Também discutiu-se a necessidade de realização de conferências internacionais, palestras e estudos conjuntos nas áreas da sociologia, comunicação, ambiente, biotecnologia em saúde, entre outros temas de interesse mútuo.
Nísia Trindade também foi recebida pelo embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, em sua residência oficial. A presidente Nísia expôs ao embaixador as estratégias de fortalecimento dos laços científicos e tecnológicos entre a Fiocruz e as instituições de Ciência e Tecnologia portuguesas, com destaque para os acordos com a Universidade de Aveiro e com o Instituto Nacional de Saúde de Portugal. A conclusão é que a estratégia em curso encontra alto nível de receptividade dos parceiros portugueses, apontando para inúmeras possibilidades de cooperação cientifica, acadêmica e tecnológica, segundo informações da Agencia Fiocruz.
Fonte: Mundo Lusíada
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