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Exposição em Lisboa reúne publicações coletivas de Portugal e Brasil
Uma exposição que reúne publicações coletivas disseminadas em redes informais, com produção de poetas e artistas, de Portugal e do Brasil, num contexto de colaboração e resistência, vai estar patente até setembro na Galeria Avenida da Índia, em Lisboa.
Com curadoria de Rui Torres, como indica a organização, a mostra tem como título “Redes, colaboração e resistência em/entre Portugal e Brasil, 1962-1982 – Obras do Arquivo Fernando Aguiar e da Coleção Moraes-Barbosa”, dos quais foram selecionadas 34 publicações coletivas, entre livros, revistas e catálogos.
Ao todo, estão representadas 75 obras de 41 poetas e artistas dos dois países, entre os quais Abílio-José Santos, Álvaro de Sá, Ana Hatherly, Ânima, António Aragão, António Dantas, António de Campos Rosado, António Nelos, Ariel Tacla, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Edgard Braga, E. M. de Melo e Castro, Erthos Albino de Souza, Haroldo de Campos, Iberê, José-Alberto Marques e José Lino Grünewald.
Partilhando a língua portuguesa, mas atuando em rede e circulando internacionalmente, estas obras permitem, segundo a curadoria, “entender uma variedade de coordenadas e práticas estéticas situadas na confluência de rede, colaboração e resistência. Por outro lado, os formatos e canais alternativos, usados, parecem prenunciar o modo como diferentes códigos e processos artísticos se misturam e agitam na atual sociedade em rede”.
Julio Plaza, Leonhard Frank Duch, Liberto Cruz, Manuel de Seabra, Neide Sá, Nei Leandro de Castro, Nenn, Omar Khouri, Paulo Miranda, Pedro Osmar, Pedro Tavares de Lima, Pedro Xisto, Peo, Quirinus Kuhlmann, Regina Silveira, Régis Bonvicino, Ronaldo Azeredo, Salette Tavares, Silvestre Pestana, Sílvio Antonio Spada, Ubirajara Ribeiro, Willy Corrêa de Oliveira e Wlademir Dias-Pino são outros poetas e artistas representados na mostra resultante das duas coleções privadas.
“Ao identificar formas análogas de expressão que constituem atos comuns de resistência em Portugal e no Brasil, ainda que em tempos diferentes e em diálogo com comunidades distintas, torna-se possível observar uma intervenção social vital, promovendo uma ação poética e política, acionada por operações críticas de reinvenção da leitura e da escrita, da participação e da produção, da liberdade e da resistência”, adianta ainda o curador, num texto sobre a exposição.
O período em causa, 1962-1982, também coincide com os derradeiros anos de guerra colonial (1961-1974), da ditadura portuguesa (1926-1974) e da ditadura militar brasileira (1964-1985).
As publicações escolhidas para esta exposição estão associadas a grupos ou movimentos mais ou menos locais – Poesia Experimental, Noigandres, Invenção, Poema/processo, Código, Arte postal, entre outros – mas, “em vez de abordar esses movimentos como eventos sincrônicos depositários de uma identidade local, é examinada a forma como a sua atividade cooperativa espoletou formas radicais de inovação que sobreviveram aos seus próprios movimentos”, assinala Rui Torres.
Iniciada em 1999, a Coleção Moraes-Barbosa, de São Paulo, no Brasil, é um repositório de arte conceptual e videoarte, além de um arquivo de 15.000 objetos de dança e performance, música experimental, poesia visual, revistas e publicações de arte.
Atualmente, encontram-se em curso vários projetos com artistas, investigadores e críticos de arte que exploram o arquivo, assim como um projeto com a Universidade de São Paulo, dedicado ao estudo da arte e inteligência artificial, salienta a galeria.
O Arquivo Fernando Aguiar, de Lisboa, contém cerca de 50.000 itens relacionados com a poesia experimental e visual, performance, arte postal, livros e edições de artista, movimento Fluxus e arte conceptual, desde os anos 1960, com destaque para a componente da poesia experimental portuguesa.
O acervo documental é constituído por livros, catálogos, revistas, revistas de artista, cartazes, desdobráveis, fotografias, ‘slides’ e negativos, provas de contacto, vídeos, poesia digital, cassetes, discos e CD de poesia sonora, e postais, entre outros.
A exposição vai estar patente até 05 de setembro, de terça-feira, a domingo, na Galeria Avenida da Índia, em Lisboa.
Fonte: Mundo Lusíada
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