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Mais de seis mil brasileiros têm regime de benefício fiscal em Portugal

Mais de seis mil brasileiros que vivem em Portugal estão contemplados pelo programa de benefício fiscal do governo do país.

O Regime dos Residentes Não Habituais (RNH) foi criado em 2009 para atrair estrangeiros que atuam em profissões de alto valor acrescentado ou da propriedade intelectual e industrial. São os chamados “cérebros”, que colaboram para o desenvolvimento do país em diversas áreas.

Entre os profissionais do programa estão arquitetos, engenheiros, geólogos, artistas plásticos, atores, músicos, médicos, dentistas, professores universitários, biólogos, psicólogos, arqueólogos, programadores de informática, investidores e gestores.

Os 6.623 brasileiros pertencem à terceira nacionalidade beneficiada, a primeira de fora da Europa. Só ficam atrás dos franceses (9.371) e dos 6.748 cidadãos do Reino Unido, informam os dados de 2020 do Ministério das Finanças. No total, foram quase 52 mil beneficiados desde o início do programa.

Eles têm uma taxa fixa especial de Imposto de Renda sobre os rendimentos de 20% durante uma década, não prorrogável, desde que passem 183 dias por ano no país. A mordida do Leão português pode chegar aos 50% para o restante da população.

Para ser elegível, o estrangeiro não pode ter sido residente em Portugal nos últimos cinco anos. Mais detalhes aqui.

Em 2019, os benefícios concedidos pelo RNH custaram € 770 milhões (R$ 4,7 bilhões) aos cofres portugueses. É o total que o país deixou de arrecadar devido ao regime, segundo números do Fisco.

Até 2019, os aposentados de outros países da Europa estavam isentos de impostos em Portugal. Mas o governo conseguiu aprovar no Orçamento de 2020 o fim da isenção e passou a taxar os europeus em 10%.

A medida não é tão vantajosa para os aposentados brasileiros, segundo explicou o advogado Célio Sauer, especialista na área de imigração com atuação em Lisboa. Quem emite declaração de saída para a Receita Federal é tributado em 25% na fonte brasileira.

– Devido à Convenção Para Evitar a Dupla Tributação entre os dois países, aposentados brasileiros não são taxados em Portugal, mas sofrem com uma taxa de 25% no Brasil, mesmo se recebem um salário mínimo ou R$ 50 mil – disse Sauer.

Há quem não declare a saída e apresente prova de vida todo ano ao INSS para pagar taxa abaixo de 25%. Mas está sujeito a levar multa proporcional ao imposto devido, mais juros, explicou Sauer.

A medida de Portugal é criticada pelos vizinhos europeus, porque daria abrigo aos que podem evitar carga tributária maior nos países de origem.

Fonte: O Globo

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