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Museu da Língua Portuguesa é reaberto com presença de autoridades nacionais e internacionais
Uma cerimônia oficial neste sábado (31) marcou a reabertura do Novo Museu da Língua Portuguesa, reconstruído após um incêndio em dezembro de 2015. A solenidade contou com a presença de autoridades nacionais e internacionais, entre elas os Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o Ministro da Cultura de Angola, Jomo Francisco Fortunato, os ex-Presidentes brasileiros Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer e o Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, entre outras.
Após pouco mais de cinco anos, o espaço volta a receber visitações a partir deste domingo (1º). “Momento muito significativo para a cultura e para a memória dos países da língua portuguesa. Transformamos a tragédia em renascimento, fizemos das cinzas o recomeço, devolvendo um museu de primeiro mundo que volta melhor, com mais recursos e mais tecnologia”, destacou o Governador João Dória.
Os chefes de Estado de países lusófonos elogiaram a parceria entre o poder público e a iniciativa privada para reerguer o espaço, considerado um dos mais importantes patrimônios culturais do mundo. “Seis anos depois estamos aqui não para esquecer as cinzas do passado, mas a partir delas construirmos o futuro nessa potência de todas as eras que se chama Brasil, nessa metrópole de tantas línguas que se chama São Paulo”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal.
O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, falou sobre a importância da união dos países lusófonos. “A língua se cria e se recria através dos contatos entre diferentes comunidades. Que sejamos mais que uma comunidade de estados, uma comunidade de povos que partilham valores comuns como a fraternidade, a liberdade e a democracia, com base no pilar fundamental que é a língua portuguesa, a língua de nós todos”, afirmou.
A cerimônia também reuniu executivos e representantes de empresas e grupos privados que ajudaram a patrocinar a reconstrução do patrimônio cultural. “Um orgulho estarmos aqui nessa comemoração da lusofonia. Esse museu é nosso, de quem fala, ouve e escreve em português, uma língua global”, afirmou João Marques da Cruz, CEO da Patrocinadora Master EDP e representante dos demais parceiros empresariais do projeto.
Reconstrução
A reconstrução do Museu foi estabelecida como prioridade pelo Governo de São Paulo. As obras começaram em 2017 e foram divididas em três fases: restauro do interior e das fachadas; reconstrução da cobertura destruída no incêndio; e intervenções de ampliação e melhoria. A partir de 2019, houve a implantação de conteúdo e experiências, iluminação externa e contratação de equipes.
O Governo de São Paulo, em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, recebeu o suporte de dezenas de parceiros e apoiadores. O investimento total foi de mais de R$ 85 milhões, incluindo a indenização do seguro e o patrocínio de diversas empresas, além do aporte do Estado e do apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, do ID Brasil e do Governo Federal, por meio da Lei Rouanet.
Todas as etapas da obra foram aprovadas por órgãos do patrimônio histórico como Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).
Imersão e tecnologia
Instalado na histórica Estação da Luz, no coração da cidade que tem o maior número de falantes de português no mundo, o espaço celebra a língua como elemento fundador da nossa cultura. O Museu está sendo devolvido ao público transformado, mantendo o perfil inovador e com ambientes ainda mais imersivos e tecnológicos.
O Museu apresentará nesta nova fase experiências inéditas como as novas instalações “Línguas do Mundo”, “Falares” e “Nós da Língua Portuguesa”. No térreo, a edificação foi aberta à estação, com o objetivo de estreitar a comunicação entre o espaço cultural e o público.
No terceiro piso, foi construído um terraço aos pés da Torre do Relógio. O espaço é dedicado ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu em maio deste ano. O Museu também ganhou um Centro de Referência da Língua Portuguesa, com vai funcionar como um fórum de estudos, pesquisas e aproximação entre países lusófonos.
Infraestrutura segura
A reconstrução incorporou melhorias de infraestrutura e segurança, especialmente contra incêndios, que superam as exigências do Corpo de Bombeiros. Entre as novas medidas, está a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos) para reforçar o sistema de segurança contra incêndio.
No caso do Museu, os sprinklers não são uma exigência legal, mas foram uma recomendação dos bombeiros para trazer mais segurança. O espaço também recebeu recursos de acessibilidade física e de conteúdo e reabre com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.
Sustentabilidade
As diretrizes de sustentabilidade pautaram toda a obra, e o Museu obteve o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — um dos mais importantes do mundo na área de construções sustentáveis — na categoria Silver.
Entre as medidas estão a adoção de técnicas para economia de energia na operação do museu, a gestão de resíduos durante as obras e a utilização de madeira que atende às exigências de sustentabilidade (certificada e de demolição).
Conteúdo renovado
Em sua exposição de longa duração, o Museu terá experiências inéditas e outras anteriormente existentes que marcaram o público em seus primeiros dez anos de funcionamento (2006-2015). Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”, destacando 23 das mais de 7 mil línguas faladas hoje no mundo; “Falares”, apresentando os diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, um caminho pela presença do idioma no mundo e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
As principais experiências seguem no acervo, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’ que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em espetáculo imersivo de som e luz.
Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz e Hugo Barreto, o conteúdo foi desenvolvido com a colaboração de escritores, linguistas, pesquisadores, artistas, cineastas, roteiristas e artistas gráficos, entre outros profissionais de países de língua portuguesa, incluindo nomes como o músico José Miguel Wisnik, os escritores José Eduardo Agualusa, Mia Couto, Marcelino Freire e Antônio Risério, a slammer Roberta Estrela D’Alva e o documentarista Carlos Nader.
Entre os participantes de experiências presentes na expografia estão artistas como Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Laerte Coutinho, Guto Lacaz, Mana Bernardes e outros, em instalações audiovisuais e interativas assinadas por produtoras como SuperUber, FeelScience, 32Bits e MobContent.
Já a exposição temporária de reabertura do Museu, “Língua Solta”, traz a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano. Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, a mostra conecta a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto e religião, em objetos sempre ancorados no uso da língua portuguesa.
Terraço Paulo Mendes da Rocha
Com a completa recuperação arquitetônica e readequação de seus espaços internos, o Museu manteve os conceitos estruturantes do projeto de intervenção original – assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro, em 2006 – e ganhou aperfeiçoamentos.
No térreo, o museu abre-se à Estação da Luz, reforçando a comunicação com a cidade. Nos andares superiores, espaços foram otimizados, novos materiais introduzidos e mais salas instaladas. No terceiro piso, foi concebido um terraço com vista para o Jardim da Luz e para a torre do relógio.
O terraço homenageia o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. A nova versão foi concebida por Pedro Mendes da Rocha e desenvolvida nas etapas de projetos pré-executivo e executivo pela Metrópole Arquitetura, sob a coordenação de Ana Paula Pontes e Anna Helena Villela.
Fonte: Mundo Lusíada
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