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Para Marcelo Rebelo de Sousa, discurso de Zelensky “mostra gratidão” a Portugal

O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa considerou nesta quinta-feira que o discurso do seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no parlamento português, “mostra gratidão” a Portugal e “uma vontade muito grande de integrar a família europeia”.

“(…) Mostra gratidão do Presidente ucraniano para quem duvidasse se ele agradecia a Portugal e aos portugueses”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, após ser questionado sobre a mensagem de Volodymyr Zelensky na sessão de hoje na Assembleia da República.

Apontando quatro pontos essenciais, o chefe de Estado português salientou o pedido do seu homólogo ucraniano para que Portugal possa, junto dos países de língua oficial portuguesa, transmitir aquilo que é guerra na Ucrânia, a descrição do conflito e a vontade de fazer parte da União Europeia (UE).

“Valeu a pena por todas estas razões. Gratidão em relação ao povo português, em relação a Portugal. Pedido de contato e transmissão para junto dos nossos irmãos da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] da mensagem do povo ucraniano e pedido em matéria de integração na família europeia”, disse.

“Em geral, a descrição que ele fez correspondeu a metade da mensagem daquilo que se passa, mas também do compromisso de no futuro a Ucrânia tudo fazer pela liberdade, pela democracia, pelo Estado de direito, que é muito importante em termos de integração na família europeia”, acrescentou.

O Presidente da Ucrânia dirigiu-se hoje ao parlamento português por videoconferência, numa sessão solene de boas-vindas que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.

Depois, a presidência da República divulgou que Portugal apoiará a luta do povo ucraniano na UE, NATO e ONU.

“Portugal esteve, desde a primeira hora, e está e estará sempre, com o heroico povo ucraniano e a sua luta, apoiando, nomeadamente na União Europeia (UE), na NATO e nas Nações Unidas (ONU), e acolhendo, na tão excecional comunidade ucraniana que entre nós vive, todas e todos os que, vindos da Ucrânia, até nós queiram vir e cá ficar”, lê-se no texto.

“Nesta hora, em que só há lugar para a humanidade, a fraternidade e a solidariedade, somos todos ucranianos”, afirma o chefe de Estado português.

Palavras que abalam

O primeiro-ministro considerou que as palavras proferidas pelo Presidente ucraniano, perante o parlamento português, abalam quem as ouve e realçam que Portugal tem apoiado a Ucrânia nos quadros bilateral da União Europeia e NATO, publicou António Costa na sua conta na rede social Twitter, depois de ter estado presente na sessão solene.

“Cada dia de guerra é mais um dia de dor insuportável. As palavras que ouvimos hoje do Presidente da República da Ucrânia abalam-nos”, escreveu, numa alusão ao discurso de Zelensky.

Nesta mensagem, o primeiro-ministro defendeu que “Portugal tem estado no lado certo: No apoio à Ucrânia nos quadros bilateral, da União Europeia, da NATO e das Nações Unidas”.

“A invasão russa da Ucrânia continua a ser uma gravíssima violação do direito internacional”, frisou o líder do executivo português.

António Costa apontou depois que Portugal participa “desde a primeira hora na onda de solidariedade para com o povo ucraniano”.

“Continuamos a acolher no nosso país milhares de refugiados e a fornecer apoio humanitário, material e militar. Mantemo-nos firmes e solidários nas sanções impostas ao regime russo”, acrescentou.

Posição portuguesa

Para o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o chefe de Estado ucraniano “sabe da clareza da posição portuguesa”, sem “nenhuma espécie de ambiguidade” em relação à Ucrânia.

Em declarações no Palácio de Belém, em Lisboa, após assistir à condecoração do seu antecessor, Eduardo Ferro Rodrigues, o presidente da Assembleia da República escusou-se a comentar a ausência do PCP na sessão solene de boas-vindas ao Presidente da Ucrânia.

“Eu creio que a sessão valeu por si e a forma como decorreu demonstrou que foi muito mas mesmo muito importante nós termos decidido fazê-la”, disse.

Sobre a intervenção que Volodymyr Zelensky fez perante o parlamento português, por videoconferência, Augusto Santos Silva destacou “os agradecimentos” que dirigiu a Portugal, que no seu entender foram “muito vivos e sinceros”.

Segundo o presidente da Assembleia da República, Zelensky está “bem consciente do esforço” que Portugal está a fazer “designadamente no acolhimento de cidadãos refugiados que necessitam de proteção humanitária”.

O chefe de Estado da Ucrânia “sabe da clareza da posição portuguesa, que não tem nenhuma espécie de ambiguidade nem teve nenhuma espécie de hesitação” sobre a Ucrânia, acrescentou o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Santos Silva salientou ainda o pedido do Presidente ucraniano a Portugal para que continue “a intervir em favor da Ucrânia, designadamente nos dois espaços multilaterais em que mais nos movimentamos, a saber, a União Europeia, de um lado, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) do outro”.

A sessão solene de boas-vindas ao Presidente da Ucrânia foi proposta pela deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, e aprovada com o apoio de todos os partidos exceto o PCP, que se opôs à sua realização e faltou à sessão.

O presidente da Assembleia da República realçou que, embora partisse de “um pequeno grupo parlamentar”, o PAN, “como era uma proposta justa e adequada, foi aprovada por quase todos”.

“Portanto, nem sempre é preciso ter maioria para fazer valer as propostas boas que se apresentem”, observou Santos Silva.

Fonte: Mundo Lusíada

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