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Portugal mostra-se ao Brasil com empresas competitivas e “altamente tecnológicas”
As autoridades portuguesas e brasileiras organizaram neste dia 13 um seminário empresarial, numa oportunidade para Portugal mostrar o que tem de melhor, num evento que concluiu as celebrações do Dia de Portugal no Brasil, disse o diretor da AICEP Brasil.
“Mostrar o que melhor as empresas portuguesas fazem, numa perspectiva de Portugal moderno, competitivo, aliando com setores mais tradicionais mas que hoje são altamente tecnológicos”, afirmou à Lusa o diretor da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) no Brasil, Francisco Saião Costa, à margem do Seminário Empresarial Brasil-Portugal, em Brasília.
Marcaram presença dezenas de empresários e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, embaixador Laudemar Aguiar, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro português, António Mendonça Mendes, e o embaixador de Portugal no Brasil, Luis Faro Ramos.
Neste evento, frisou Francisco Saião Costa, foi possível trazer” muitos empresários e muitas empresas de diferentes pontos do Brasil”, num espaço de partilha para novas oportunidades de negócio, num “último momento de celebração do Dia de Portugal” em Brasília, com uma “componente econômica”, referindo-se às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, organizado na segunda-feira na Embaixada de Portugal no Brasil.
Em relação ao memorando de entendimento assinado, aquando da visita do Presidente brasileiro, em abril, a Portugal, entre a AICEP e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Saião Costa, reforçou que incidirá em ‘startups’ e pequenas e médias empresas, mas também na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Para nós sem uma Apex forte, sem uma integração brasileira na CPLP no âmbito econômico não faria sentido”, disse, reforçando ainda que as duas agências têm como objetivo o reforço na capacitação de lideranças no feminino, em projetos de sustentabilidade e transição energética.
Por outro lado, no seu discurso, o responsável pela agência que promove produtos e serviços brasileiros no exterior, Jorge Viana, considerou que Portugal é para o Brasil o “espaço na Europa”, naquela que era uma parceria “adormecida que agora retoma com muita força”.
“Vivemos [segunda-feira] um momento muito especial nessa retomada de relacionamento Brasil-Portugal”, considerou, referindo-se às celebrações do Dia de Portugal na Embaixada de Portugal no Brasil. O presidente da Apex liderou uma missão empresarial ao país lusitano em abril.
“Estamos na iminência de estabelecermos o acordo Mercosul-União Europeia (UE), e isso muda tudo, várias possibilidades e oportunidades surgirão. Portugal tem um papel fundamental, pois é a entrada do Brasil na Europa e a saída da Europa para o Brasil”, afirmou o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, durante a abertura do seminário. Segundo ele, Portugal é também referência de tecnologia, inovação e saúde, e há muitas possibilidades de cooperação entre os dois países .
Centenas de pessoas estiveram na sessão de abertura, que contou com a presença de outros membros dos Governos de Portugal e do Brasil, e seguiram vários painéis de empresários dos dois países que falaram sobre transição energética e responsabilidade corporativa, segundo a embaixada.
O primeiro painel abordou o tema da transição energética e mobilidade e contou com a participação da Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa; do CEO Brasil do Grupo EDP, João Marques da Cruz; e do CEO Brasil da GALP Energia, Daniel Elias. As duas empresas já atuantes no país pretendem investir mais de cinco bilhões de euros em projetos no Brasil nos próximos anos.
Já o vice-presidente global de relações institucionais da Embraer, José Serrador, trouxe a importância das trocas de tecnologias entre os países para o melhor desempenho e redução de emissão de gases poluentes na área da aviação. Participaram também deste painel o CEO Brasil da Gallo, Filipe Gonçalves; e o CEO da MDS Brasil e Americas Regional Manager da Brokerslink, Ariel Couto.
Parceria duradoura
Inspirado em Camões, a relação entre Brasil e Portugal foi abordada pelo secretário de estado adjunto do primeiro-ministro de Portugal, Antônio Mendonça Mendes, como uma relação de amor e amizade duradoura. “É uma parceria que dura e sobrevive há mais de 500 anos. Hoje, mais de duas mil empresas portuguesas exportam para o Brasil, que é também o nosso segundo melhor investidor. Se as trocas comerciais estão nesse nível, com a melhoria da relação nós seguramente podemos alavancar esses resultados”, afirmou. Mendes destacou também o importante papel da ApexBrasil e da AICEP como ferramentas para o estreitamento desses laços e reforçou o interesse de ambos os países em fomentar o empreendedorismo de pequenas e médias empresas, startups, novas tecnologias, e sustentabilidade social, econômica e ambiental, além da equidade de gênero.
Em sua fala, o Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, lembrou que Portugal foi o primeiro país a ser visitado pelo presidente Lula assim que eleito, em novembro do ano passado. Além disso, no mês passado, o presidente brasileiro esteve com o primeiro-ministro português, Antônio Costa, durante a 13ª Cimeira Brasil-Portugal. Na ocasião, ambos os países declararam seus esforços para o fortalecimento das relações entre as duas nações ao assinar 13 acordos comerciais. “A retomada das Cimeiras, a intenção de criar um escritório da ApexBrasil em Lisboa e a realização desse seminário mostram o caminho de oportunidades que temos pela frente. Portugal está de portas abertas para o Brasil e sentimos que o Brasil está aberto para os portugueses”, afirmou o Embaixador.
Ao destacar o recorde da balança comercial do Brasil no mês de maio, bem como os avanços do arcabouço fiscal e da reforma tributária, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Marcio Elias Rosa, disse que o Brasil está em ótimo momento para ser novamente descoberto. “Além da relação histórica, dos laços afetivos sociais e culturais, nós falamos a mesma língua e temos a mesma estrutura de pensamento. O Brasil está num grande momento para ser novamente descoberto pelo seu parceiro Portugal”, concluiu.
Além do olhar ambiental, social e econômico, o secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia e Inovação e Cultura do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Laudemar Aguiar, chamou atenção para o importante papel da cultura no fortalecimento entre as duas nações. Aguiar destacou a importância da indústria criativa, bem como o potencial da língua portuguesa e a necessidade do incentivo ao turismo.
O Presidente da Frente Parlamentar Brasil-Portugal, o deputado federal Antônio Brito, disse que a criação da Frente Parlamentar Brasil-Portugal será um grande passo para a relação comercial entre os dois países. Assim como existem as Frentes Parlamentares Brasil-China e Brasil-Estados Unidos, Brito afirma ser fundamental a criação desse canal com Portugal dentro do Congresso. “A Frente Parlamentar age na sociedade e torna o ambiente mais propício para os acordos bilaterais. É um momento único e minha missão será essa costura”, afirmou.
Por fim, a secretária adjunta da Secretaria Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), Raimunda Monteiro, disse que saúde, tecnologia, energia e mobilidade são os mesmos temas pautados pelo Conselho, que está em fase de estruturação de grupos e comissões temáticas. “Considerando a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil, bem como o reencontro dessa relação comercial com Portugal, teremos, no Conselho, espaço de diálogo muito qualificado para subsidiarmos as propostas que possam promover o desenvolvimento mútuo dos dois países”, concluiu.
Relação Brasil – Portugal
Segundo o estudo Perfil País sobre Portugal, lançado pela ApexBrasil no mês de abril deste ano, o Brasil foi o sétimo maior fornecedor de Portugal em 2022. O perfil ainda mostra que o Brasil vem aumentando sua participação no mercado português, saindo de 1,3% de marketshare em 2013 para 4,4% no ano passado.
A pauta exportadora brasileira para o mercado português concentrou-se em produtos como óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus (59%); soja (8,1%); milho não moído, exceto milho doce (6,5%); óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (5,3%); produtos laminados planos de ferro ou aço não ligado, não folheados ou chapeados, ou revestidos (5,0%).
Também houve aumento no volume de investimentos estrangeiros diretos (IED) portugueses no Brasil, com US$ 11,9 bilhões em 2021. O estoque representa 21% do total de IED de Portugal em todo o mundo. Acesse o Perfil País Portugal e saiba mais sobre os fluxos comerciais entre as duas nações.
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