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Prêmio Candango de Literatura celebra riqueza da língua portuguesa

Criado para enaltecer as manifestações literárias em todos os países de língua portuguesa e difundir a riqueza e a diversidade do idioma, Brasília conheceu na noite dessa quarta-feira (21) os vencedores da primeira edição do Prêmio Candango de Literatura.

“A figura do Candango, escolhida como símbolo desta iniciativa, nasce a partir da confluência de culturas que se encontraram em Brasília para a construção da nova capital. A união dessas vivências cunhou essa identidade, que historicamente traça laços com outros povos de língua portuguesa como Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial”, ressaltou a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

Em meio a quase 2 mil inscritos, apenas oito foram agraciados. O anúncio dos ganhadores ocorreu no Teatro Plínio Marcos do Eixo Cultural Ibero-Americano, em Brasília. A noite teve show do cantor Lenine, acompanhado pelo filho Bruno Giorgi, com o espetáculo Rizoma.

Escolhidos por um júri formado por nomes como Antonio Carlos Secchin, Claufe Rodrigues, Cida Pedrosa, Regina Dalcastagnè e Raimundo Carreiro, os vencedores receberam prêmios entre R$ 30 mil e R$ 12 mil, a depender da categoria.

“Acredito firmemente naquela definição dada por Monteiro Lobato, segundo a qual um país se faz com homens – e mulheres, claro – e livros. Já se passou quase um século desde então, mas na realidade atual, se pudermos trocar uma pistola por um livro, já estaremos avançando”, disse o secretário de Cultura do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues à Agencia Brasil, sobre o evento, que teve a gestão do Instituto Cultural Casa de Autores.

A cerimônia

A palavra foi a grande estrela que norteou a noite do encerramento do PRÊMIO CANDANGO DE LITERATURA que, em seu primeiro ano, tornou-se um dos mais cobiçados do país. Milhões de palavras, aliás, envolveram esse projeto, que teve 1984 inscrições literárias.

As primeiras que saudaram à plateia vieram de uma das maiores escritoras brasileiras: Lygia Fagundes Telles (1918-2022), a homenageada da noite. Elas se materializaram no corpo-voz da atriz Adriana Nunes: “Há uma soma de seres que amei e que já se foram, mas de certo modo ficaram em mim“, interpretou a atriz o trecho de “Durante aquele estranho chá’.

“Ouvindo essas palavras de Lygia, aqui tão viva na interpretação de Adriana Nunes, eu me lembro que aprendi que a função do escritor é seduzir o leitor. Organizando essa premiação, entendi que precisávamos seduzir os trabalhadores e trabalhadoras do ofício da literatura em todos os países de língua portuguesa. Essa foi a nossa nobre missão”, avaliou Maurício Melo Jr., presidente do Instituto Cultural Casa de Autores, que geriu o Prêmio em parceira com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

Entusiasta do livro e da leitura, o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, assumiu a palavra com um discurso “do coração aos corações”, levando a plateia ao êxtase. Comparou o investimento do atual governo brasileiro ao incentivo da fabricação e porte de armas à desaceleração do livro e da leitura no país. “O governo federal fez um inúmero de decretos e projetos de lei para permitir e facilitar o cidadão a colocar um revólver de cálibre grosso na cintura, enquanto o meu Brasíl brasileiro fechou 800 bibliotecas nos últimos cinco anos”, disse sob aplausos.

A favor da política de incentivo ao livro e à leitura, o PRÊMIO CANDANGO DE LITERATURA converteu-se em prêmios disputados por oito categorias. Em Romance, venceu Marcílio Godoi por “Etelvina’; em Poesia, Alexei Bueno por “O Sono dos Humildes”; em Contos, João Anzanello Carrascosa conquistou o prêmio com “Tramas de Meninos”. O Prêmio Brasília coube a Alexandre Pilati com “Tangente do Cobre” (poesia). “Etelvina vai ficar muito mais amostrada com esse Prêmio Candango de Literatura e vai querer até rodar o Brasil inteiro”, comemorou Marcílio Godoi.

Em Incentivo à Leitura, o escolhido foi Gláucio Ramos Gomes com o projeto “Leitura na Esquina”. Na categoria PCD (Incentivo à Leitura para Pessoas com Deficiência), Gisela Maria de Castro Teixeira foi agraciada por “O Livro das Capitais”. O melhor Projeto Gráfico coube a Beatriz Mom (“Poesia é um Saco”, de Nicolas Behr) e a Capa deu a vitória a Jéssica Iancoski Guimarães Ramos (“As Laranjas de Alice Mazela”, de Géssica Menino). “Falta muito material literário para a pessoa surda. “O Livro dos Capitais” é um vídeo-livro de poesia, interativo e bílingue. Nasceu na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Viva a universidade pública brasileira. Mais livros e menos armas para todos”, saudou Gisela Maria de Castro Teixeira.

Os vencedores nas categorias Romance, Poesia, Contos e Prêmio Brasília recebem, cada um, R$ 30 mil. Já as categorias Capa e Projeto Gráfico ficam com prêmios no valor de R$ 12 mil, e os prêmios de incentivo à leitura ganham R$ 15 mil cada. Cada um levou para casa um troféu-escultura assinado pelo artista André Cerino.

Instituído pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, com gestão do Instituto Cultural Casa de Autores, o I PRÊMIO CANDANGO DE LITERATURA atraiu inscrições de autores de seis países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Moçambique e Portugal. Foram 1984 inscritos (sendo mais da metade do gênero feminino, com 1020 inscrições), dos quais 1.465 se habilitaram a concorrer a R$ 180 mil em prêmios.

“Fico encantado com o sucesso dessa premiação , o número de candidatos, uma avalanche de textos, o que prova que a literatura brasileira está viva e atuante num momento difícil, no qual tudo é contra a cultura. É resistência. Vida longa ao prêmio”, anunciou o curador Ignácio de Loyola Brandão.

Fonte: Mundo Lusíada

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