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Presidente condecora postumamente Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões

O Presidente de Portugal condecorou neste dia 17 postumamente José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos “serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas”, no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor português.
Marcelo Rebelo de Sousa entregou a condecoração à presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor, Pilar del Río, no Teatro Nacional São Luiz, em Lisboa, antes do concerto de abertura oficial das comemorações deste centenário.
“José Saramago, Prêmio Nobel e Prêmio Camões, bem merece que lhe seja conferida hoje, a título póstumo, outra distinção que evoca o nosso poeta quinhentista: a Ordem de Camões, definitivamente institucionalizada neste ano, e que se destina a galardoar serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas”, afirmou o chefe de Estado.
“E estou certo de que essa definição e o grande-colar que vou entregar a Pilar del Río contêm, em si mesmos, a justificação deste gesto tão merecido e tão simbólico, em nome de Portugal”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Na assistência estavam, entre outros, o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
José Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922, na aldeia ribatejana de Azinhaga, e morreu em 18 de junho de 2010, na ilha espanhola de Lanzarote. O centenário do seu nascimento começou hoje a ser celebrado, um ano antes, com uma programação cultural internacional.
O Presidente da República referiu que “a Fundação [José Saramago], as escolas, as bibliotecas, os teatros, os poderes públicos e a sociedade, em Portugal e por todo o mundo”, irão comemorar esta data e que, “desse vasto programa, este é um dos momentos marcantes e mais institucionais”.
Numa intervenção de cerca de cinco minutos, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que José Saramago seria o primeiro a reconhecer “que as palavras fazem coisas, levantam as pessoas da opressão, mudam-lhes o destino, mudam o que acontece, reveem a história, permitem o futuro”.
“A um escritor, e a um escritor como Saramago, é dado fazer acontecer o seu próprio destino, que é contrário de um destino: pertencer ao sítio onde se nasceu, mas ir mais longe, trabalhar a palavra dos outros como tradutor ou a atualidade como jornalista e escrever textos seus que vão muito além da circunstância, chegar aparentemente tarde ao cânone e nele se integrar com uma força indesmentível e irresistível, escrever para os portugueses e atingir todo o mundo”, prosseguiu.
O chefe de Estado assinalou o alcance da “palavra do escritor” que, “sendo individual, dirige-se a todos, e chega a muitos, muitos, muitos milhões”, e realçou depois que a “palavra do Presidente”, por sua vez, “representa muitos, alguns milhões”, em nome dos quais atribuiu a Saramago a distinção póstuma com o mais alto grau da Ordem de Camões.
Orgulho nacional
Na terça-feira, também o Primeiro-Ministro António Costa manifestou a convicção de que José Saramago não será o único escritor português a ganhar um prêmio Nobel mas vincou que o autor é um orgulho nacional.
“Entre todos aqueles que escrevem em português, seja em Portugal, no Brasil em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor, São Tomé e Príncipe ou na Guiné foi, até agora, o primeiro que recebeu o maior prêmio mundial na área da literatura que é o Prêmio Nobel”, disse António Costa perante cerca de uma centena de alunos aos quais transmitiu o “orgulho nacional” perante o feito de José Saramago.
Na escola Básica Integrada Fernando Casimiro da Silva, onde participou nas comemorações do centenário, o primeiro-ministro frisou que a atribuição do prêmio ao português foi “uma felicidade”, acrescentando estar “seguro de que não será o último” e que outros escritores “portugueses, ou que escrevem em português o poderão ganhar”.
A escola de Rio Maior, no distrito de Santarém, foi a escolhida pelo governante para assinalar o arranque das comemorações, “através da leitura simultânea em mais de 300 escolas de Portugal, em cerca de 40 escolas das Canárias e em centenas de escolas em toda a América Latina”, em que à mesma hora, alunos desenvolveram atividades em torno do conto de José Saramago “A Maior Flor do Mundo”.
Depois de ouvir a leitura do conto protagonizada por alunos do 5.º e do 6.º ano e de assistir à sua discussão numa tertúlia de alunos do 9.º ano, António Costa aproveitou para transmitir mais jovens “a mensagem atual” que já então Saramago difundia na obra, e mais premente ainda numa altura em que se discutem “as alterações climáticas” e os seus efeitos, que fazem que com venhamos a ter “água a mais no mar e a menos na terra”.
O conto de Saramago, no qual o Nobel defende que “cada um deve fazer algo maior que ele próprio”, foi também o mote para o primeiro-ministro elogiar a escola que, durante a pandemia de covid-19, quando “as escolas tiveram que fechar e se implementou o estudo em casa”, foi “em todo o país, o agrupamento em que maior número de docentes se disponibilizou para participar nesta iniciativa”.
A comemoração do centenário de José Saramago, foi também o pretexto para o regresso do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues às memórias do tempo em que, enquanto aluno, conheceu o autor.
“Cada vez que saímos de Portugal entendemos a força grande que José saramago tem no mundo, mas cada vez que vamos a agrupamentos, como este, através das diversas atividades, acabamos por entender como o autor acaba por magnificar as nossas vidas e nos deixar uma marca indelével sobre a sua obra, sobre o sentido de justiça, sobre o sentido de nos desafiar afazer cada vez melhor”, disse o ministro.
Os dois governantes seguiram depois para Azinhaga do Ribatejo, a aldeia ribatejana onde o escritor nasceu, e onde foi plantada uma árvore, a 99.ª de uma centena de oliveiras que a Fundação José Saramago decidiu plantar na localidade ao longo dos últimos dois anos.
No próximo ano, neste dia, será plantada a centésima oliveira na Azinhaga. A programação do centenário pode ser consultada em www.josesaramago.org.
Fonte: Mundo Lusíada
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