Notícias
- Home
- Associados
- Terceirização: Fenômeno permite conciliar interesses econômicos das empresas e direitos dos trabalhadores [Reis Advogados]
Terceirização: Fenômeno permite conciliar interesses econômicos das empresas e direitos dos trabalhadores [Reis Advogados]
Por Tatiana Amêndola
A terceirização é um fenômeno que chegou ao Brasil em consequência da globalização, surgindo como um mecanismo que as empresas tiveram que utilizar para aumentar a produção e diminuir custos, tornando-se mais aptas a enfrentar a concorrência no mercado.
Os empresários, os trabalhadores e o Estado não estavam preparados para o aumento de competitividade exigido pela globalização. Para superar essa deficiência, muitas empresas descentralizaram algumas atividades. Assim, a terceirização passou a ser utilizada em grande escala.
Atualmente, a terceirização é um fenômeno bastante comum, com maior ou menor intensidade em praticamente todos os países. Consiste na técnica da administração em que se transfere a terceiras atividades até então realizadas pela própria empresa. Sua denominação internacional é outsourcing.
O contrato de terceirização deve ser entendido como divisão de responsabilidades e direitos dos contratantes, com o objetivo de aumentar a agilidade dos serviços e a competitividade, reduzindo os custos e consequentemente aumentando os lucros.
Sendo um fenômeno localizado na estrutura produtiva das empresas, a terceirização, evidentemente, produz impactos na organização do trabalho e na forma como se delineiam as relações entre trabalhadores e contratantes de sua força de trabalho, inclusive do ponto de vista legal.
No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal não faz menção especificamente à terceirização. No entanto, os tribunais do trabalho buscaram e buscam a construção jurídica para a proteção do trabalhador.
No Brasil, a terceirização começou a ser disciplinada por meio do Decreto-Lei n° 200/67, que definiu regras para a descentralização da administração pública federal. Posteriormente, foram publicadas a Lei n° 6019/74, trazendo a figura do trabalhador temporário, e a Lei 7102/83, que admitiu a terceirização dos serviços de vigilância pessoal e patrimonial.
A jurisprudência sobre o tema se consolidou pela primeira vez em 1986, por meio da Súmula 256 do TST, que admitiu a terceirização para vigilantes e temporários e estabeleceu a ilegalidade de outros regimes de terceirização, alinhada com a legislação mencionada acima.
Com o crescimento do fenômeno da terceirização e a ausência de uma regulamentação generalista, a jurisprudência sofreu flexibilização no entendimento dessa alta corte; nesse sentido, em 1993, a Súmula 256 foi substituída pela súmula 331, quando o TST admitiu outras formas de terceirização, desde que tratassem de atividades-meio, sem pessoalidade e sem subordinação direta do trabalhador terceirizado ao tomador de serviços.
No início de 2017, foi aprovada a Lei n° 13.429/17, que alterou o artigo 4° da Lei 6.019/74, permitindo a terceirização de serviços específicos, sem delimitar se seriam atividades-meio ou atividades-fim, apenas exigindo delimitação do objeto do contrato terceirizado. Após quatro meses da vigência desse dispositivo, foi promulgada a Lei 13.467/2017, permitindo a terceirização de atividades-meio e atividades-fim
Em 2018, o STF posicionou-se sobre a terceirização no Tema 725 do RE 958252, fixando a tese nos seguintes termos: É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.
Neste ponto, surge a questão: é possível que a terceirização seja praticada sem acarretar lesão aos direitos trabalhistas? A resposta é afirmativa. Para equilibrar os interesses das empresas e dos trabalhadores, a legislação vigente adota o instituto da Responsabilidade Subsidiária, prevista na Súmula 331, incisos IV e VI. Assim, caso a terceirizada não adimplir com os encargos trabalhistas, a tomadora de serviços será acionada, pois é responsável em caráter subsidiário, garantindo que o trabalhador não sofra prejuízos.
Nesse contexto a empresa tomadora de serviços tem o dever de contratar empresa idônea e, ainda, fiscalizar o adimplemento das obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, ressalvado, porém, o direito de ingressar com ação regressiva.
Conclui-se que a terceirização é um processo irreversível, excelente para melhorar a competitividade empresarial, pois garante maior flexibilidade aos empresários para contratar, e incentiva a geração de empregos, sem que isso implique supressão dos direitos trabalhistas. A legislação vigente traz segurança jurídica, ao permitir a conciliação de interesses econômicos das empresas e direitos dos trabalhadores.
Referências
IURI, P., MIZIARA, R., 2019, Manual da Terceirização: Teoria e Prática, 2ª edição, Editora JusPODIVM.
FORTINI, C., PAIM, V. F., 2022, Terceirização na Administração Pública : Teoria e Prática, 1ª edição, Editora Forum.
FERNANDES, J.U.J., 2018, Terceirização – Legislação, Doutrina e Jurisprudência, 1ª edição, Editora Forum.
SILVA, O. P, 2017, Terceirização e a Reforma Trabalhista – https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/125416/2017_silva_otavio_terceirizacao_reforma.pdf?sequence=1&isAllowed=y- acesso em 09/06/2023
Dra. Tatiana Amêndola é Especialista em Direito Processual Civil e Advogada no Reis Advogados.
Fonte: Assessoria
- Publicado a
Notícias Relacionadas
Golden Visa: Portugal ainda é um país interessante para brasileiros? [Lifetime Investimentos]
Muitos brasileiros investiram em imóveis em Portugal nos últimos anos…
As 7 cidades mais baratas de Portugal para viver [Start! Be Global]
Portugal já é conhecido como sendo um dos países mais…
O Papel do Wi-Fi na Modernização de Aeroportos: Soluções que Transformam Experiências e Operações [Teltex]
Em um mundo cada vez mais conectado, os aeroportos modernos…
Rodovias Inteligentes: Como a Tecnologia Está Reduzindo Custos e Melhorando a Experiência dos Usuários [Teltex]
A transformação digital está remodelando setores inteiros, e as concessões…
Você sabia que o Poste Inteligente® é uma marca registrada da Teltex? [Teltex]
Nos dias de hoje, a modernização das cidades é um…
Empresários brasileiros exploram inovação e negócios na Missão Web Summit Lisboa 2024 [Atlantic Hub]
A Missão Web Summit Lisboa 2024 reuniu 70 empresários e…
Você sabia que é possível deduzir até 12% do seu Imposto de Renda no próximo ano? [Lifetime Investimentos]
A previdência privada pode ter vantagens que vão muito além…
Transforme sua liderança com estratégias inovadoras [Virginia Haag]
No quinto módulo da série Liderança do Amanhã, Virginia Haag…
Jardim das Flores: O Novo Empreendimento Residencial em Vila Nova de Gaia [Castaño Martorani Real Estate]
Apresentamos o Jardim das Flores, um novo empreendimento residencial de…
Mota-Engil ganha novo contrato da Petrobras no valor de 200 milhões [Mota-Engil]
O novo contrato ganho no Brasil tem por objeto a…
Condições exclusivas para os associados [Delta Q]
Aos associados da Câmara, a Delta Q oferece condições muito…
Inovação sem Fronteiras: Como a Teltex Está Conectando o Futuro [Teltex]
A Teltex, integradora líder em soluções tecnológicas de segurança eletrônica…